O amor quer abraçar e não pode.
A multidão em volta,
com seus olhos cediços,
põe caco de vidro no muro
para o amor desistir.
O amor usa o correio,
o correio trapaceia,
a carta não chega,
o amor fica sem saber se é ou não é.
O amor pega o cavalo,
desembarca do trem,
chega na porta cansado
de tanto caminhar a pé.
Fala a palavra açucena,
pede água, bebe café,
dorme na sua presença,
chupa bala de hortelã.
Tudo manha, truque, engenho:
é descuidar, o amor te pega,
te come, te molha todo.
Mas água o amor não é.
Homenagem a Adélia Prado pelo seu aniversário dia 13 de dezembro.
2 comentários:
Sim, dia da Santa dos olhos, Luzia, Adélia é linda, litúrgica, poesia que encarna o verbo divino no coração humano. O amor não pode tanta coisa. O amor esquece de ser amado. Bj
Ahhhh, o amor...tema, amante, servo e louco da poesia;)
bjo
*Adélia e eu agradecemos pela oportunidade deste poema;)
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