30.1.13

Eternidades





'Tem hora em que penso que a gente carecia,de repente, 
de acordar de alguma espécie de encantamento...'



Eu que caminho para o longe



'E onde já se viu tê medo da força da vida, fia? o que vem não se adia e chegô: ri e celebra, purque o mundo pode se refazê em ocê!'

  Vivê é pra quem tem tutano!

25.1.13

Página


Mentiras de verdade





Assoviei, fingi à beça 

Fiz promessa e o amor não some 
Criei um muro e a mesma fome 
Morde os braços do adeus 
Com a boca eu me despedi 
Minhas mãos desdisseram: não, não 
Mentira, foi tudo mentira 
Você me enganou 

Verdade, foi tudo verdade 
Eu hoje admito: 
Somos um mito, sim 
Maldade e carinho 
Ternura sem fim 
Num laço 
Coleira de cetim 
Quero esquecer de mim 
Ser mais você, menos do que eu... 
Verdade e mentira que o amor entre nós reviveu 
_ E um breque é coisa nossa num samba-canção 

As velhas formas do viver





Não me iludo
Tudo permanecerá
Do jeito que tem sido
Transcorrendo
Transformando
Tempo e espaço navegando
Todos os sentidos.

21.1.13

Anais Anis





ANIS dos olhos doces

pintou os lábios
de azul
e amanheceu

com esse gosto de flor na boca

na pele e na roupa
perfume
das águas

Céu cor de romã

cabelo de chuva.
brisa perfumada


ANIS dos olhos doces

os homens que dormem
contigo 

acordam com sede


teu corpo é mar
imenso 

de navegar




"Há! Os caminhos estão todos em mim"...
(Fernando Pessoa)

18.1.13

Traço comum



Descalço-me de sombras para chegar a ti
as linhas do meu rosto são claríssimas
nelas não vês o velho, a criança, o adulto
vês apenas o traço comum
que é onde eu procuro a tua mão
na transparência da minha palavra inteira

[Vasco Gato]

16.1.13

Fui morar no céu...




"Por um lindésimo de segundo

tudo em mim
anda a mil
tudo assim
tudo por um fio 

tudo feito
tudo estivesse no cio
tudo pisando macio
tudo psiu

tudo em minha volta
anda às tontas
como se as coisas
fossem todas
afinal de contas"

14.1.13

13.1.13

Meu coração vai me guiá





“ Fechei os olhos e pedi um favor ao vento: Leve tudo que for desnecessário. Ando cansada de bagagens pesadas. Daqui para frente apenas o que couber no bolso e no coração."

[Cora Coralina]




12.1.13

O pássaro e a flor


"Na vaga lembrança de mim mesmo, me perco! Só o que sei é que te amo, com amor profundo... e que esse amor, esse, sim, puro encanto, me liberta, como agora, do peso da longa jornada."

    
[ o pássaro-poeta e a flor] 

Alforria



Será Deus que tu me atacas
na candura?
E de repente sonhar
é um incêndio ou um abismo
ó profundidade!
Ah! as colinas de ar
Hei-de partir!
Ouço Bach
Meus lábios ardem
de amor por você


11.1.13

Resposta ao vento



R,

A noite seguirei 
lua nova
no chão do quintal
Não sei que canto
tens que ainda me 
fazes tua,
te espero
debaixo da lua.

F.

Sonata





delicado: mudará o ardor de.lírio que lambe os nossos cílios?


[Daniela Carrara]

10.1.13

C.



Minha pequena


sinto-me leve, amor apesar do peso da partida.
Os dias serão macios talvez longos pelo silêncio mas macios. A saudade já vem molhando
este meu par de olhos desavisados e certos de querer-te.
A distância no tempo dói mais que na geografia mas logo retorno para ver o sol nascer na tua pele imaculada. Durma no quarto poente que é onde ficou nosso último momento.

Beijos de amor,


R.

Eu leria Drummond ao teu ouvido

olha...
quem sabe eu possa ser mais chão
menos vastidão
quem sabe tu possas ser mais asas
menos casa

e, então, eu convido
tua língua a me provar em grego
enquanto leio Drummond ao teu ouvido

[Andrea De Godoy Neto]






6.1.13

Guerrilla


Desassossego
na cor - furta
dos olhos
subterrânea aventura
 girassóis incendiados
paz de sombra
estrelas acesas
pássaro solitário

ventos

5.1.13


[...] não ficava em paz sem as respostas, urgia-lhe saber todas, conhecer até o último lugar do mundo, romper suas dúvidas sempre que elas apertavam sua garganta, atravessando-a. Era por isso que não tinha casado com nenhum dos tantos que a desejaram. Não sabiam as respostas, para que destinar-lhes o destino? Tinha sua liberdade como paixão primeira e seu arrojo como vício melhor.








Tu lhes dirás, meu amor, que nós não existimos,

Que nascemos da noite, das árvores, das nuvens,
Que viemos, amámos, pecámos e partimos
Como a água das chuvas.



[Ary dos Santos]




4.1.13

A carta




Podemos marcar um desencontro.

Eu mando a carta,
fico sem resposta,
você sai do jogo,
eu faço a aposta,
tentamos a canção, mas desafina;
rezamos a oração, mas descombina,
o beijo desvia e escorrega,
a palavra tropeça e foge à regra,
eu escolho o sol - você, a bruma,
voltamos sempre ao lugar comum.
Eu desajeito, você desarruma.
Nós dois: motivo algum.


[Flora Figueiredo]

3.1.13

pequeno poema dos dons




aos que não conseguem 
meditar:
as saudades e os jasmins

aos que não conseguem
imantar:
os silêncios e os gerânios

aos que não conseguem
flertar:
os mistérios e as violetas

aos que não conseguem
perseverar:
as palavras e as angélicas

aos que não conseguem
acorrentar:
o infinito e as orquídeas

Entorpecer de AMOR


"tudo começa no teu amor
fomos embebidos no mais fino caldo dos nossos pomares,
enrolados em mel transparente de abelhas verdadeiras,
entre tantos aromas esfregados em nossas peles,
fomos entorpecidos pelo mazar suave das laranjeiras,
[...] me estenda a tua mão."