27.2.10

Aqui, calor de desfolhar o mundo. 
Tomei banho com requintes de pecado.
E nos beijamos ali.


No amor,

 "Para evitar que as aves voem para onde querem é preciso engaiolar as aves.
Quem é fisgado pelo sentimento de culpa perdeu a liberdade, perdeu as asas. Nunca mais voará. Engaiolado para sempre.
Quem faz obrigado, pela força, aprende logo a lição do ódio. O corpo vai na direção mandada. Mas o espírito voa e sonha..."

O voo não pode ser ensinado. Só pode ser encorajado.

(Rubem Alves)

25.2.10

colecionava os dias
revelando filmes
 lembranças
do arquivo pessoal
hoje
edita arquivos 
a memória
o olhar
tornou-se
digital
e dia após dia
apagamos, recortamos e mudamos de cor

Sábado eu vou
 viajar de balanço
vou sem malas
 descalça
vou no ritmo do meu impulso
e vou chegar
cheirando a vento fresco
gosto anil na boca
sorriso estampado na roupa
Sabes...
já é noite
e a lua é cheia

24.2.10

19.2.10

Palavras são de água

 
Borboletas vagueiam aqui
enquanto o teu barco navega
Saudade do teu gosto de mar
na minha língua de pétala

11.2.10

 
somos aspirantes
a pintores
comemos a solidão
pintamos mosaicos
nos
pratos
jogamos versos
e cantamos...

3.2.10

Tantas vezes eu soltei foguete
Imaginando que você já vinha
Ficava cá no meu canto calada
 
Ouvindo a barulheira
Que a saudade tinha

É como diz João Cabral de Mello Neto
Um galo sozinho não tece uma manhã  

Senti na pele a mão do teu afeto
Quando escutei o canto de acauã
A brisa veio feito cana mole
Doce, me roubou um beijo
Flor de querer bem 

Tanta lembrança este carinho trouxe
Um beijo vale pelo que
contém


Tirei a renda da naftalina
Forrei cama, cobri mesa
E fiz uma cortina 

Varri a casa com vassoura fina
Armei a rede na varanda
Enfeitada com bonina

Você chegou no amiudar do dia 
Eu nunca mais senti tanta alegria
Se eu soubesse soltava foguete
Acendia uma fogueira
E enchia o céu de balão
Nosso amor é tão bonito, tão sincero
Feito festa de São João

2.2.10

 
Quando me pergunto
Se você existe mesmo, amor
Entro logo em órbita
No espaço de mim mesmo amor
Será que por acaso, a flor sabe que é flor
E a estrela Vênus sabe ao menos
Porque brilha mais bonita, amor
O astronauta ao menos
Viu que a terra é toda azul, amor
Isso é bom saber
Porque é bom morar no azul, amor

Dia 02

ancestralidade feminina
encanta 
reflete céu
amorna as águas do mar dessa Bahia
no ar
 jangadas de alfazema

1.2.10

 Por Gisela Ramos Rosa



Todos os nomes todos os dias
as coisas dispostas
num tabuleiro de paixões que construímos
com a sublimação da pele e do sentido
combinando os liames da fala
às vezes muda às vezes surda
e os braços articulando emoções

com as mãos tocando
tédios, paixões
dias, anos
Vida