24.12.11
18.11.11
Areia e Água
I
Era uma vez dois e três.
Era uma vez um corpo
E dois pólos: alto muro
E poço. Três estacas
de um todo que se fez
num vértice, diáfano,
noutro espessura de rês
couro, solo cimentado
nem água, nem ancoradouro.
II
E certa longitude
Onde o sol se refaz.
E certa latitude, seta-ilha
Onde o meu peito pulsa
Seta e sangue
num percurso pasmado de agonia.
III
Aqui me vês dois pólos
tão distantes e no entanto
Três: eu e meus dois horizontes
Era uma vez dois e três.
Era uma vez um corpo
E dois pólos: alto muro
E poço. Três estacas
de um todo que se fez
num vértice, diáfano,
noutro espessura de rês
couro, solo cimentado
nem água, nem ancoradouro.
II
E certa longitude
Onde o sol se refaz.
E certa latitude, seta-ilha
Onde o meu peito pulsa
Seta e sangue
num percurso pasmado de agonia.
III
Aqui me vês dois pólos
tão distantes e no entanto
Três: eu e meus dois horizontes
24.10.11
A flor de sal e o poeta
"quando eu aprender a ser, ainda estarei em pleno gozo dos atributos do querer e terei ao lado quem me quer. quando chegar com flores não significa que já aprendi a ser, todavia quando eu aprender a ser, certamente permanecerei a chegar com flores. quando eu aprender a ser, o que serei a não ser um homem inteiro, ainda que para isto me desfaça de um apêndice, um assessório? quando eu aprender a ser já foi ontem e amanhã é dia de colher os dulcíssimos frutos que um dia foram só sementes, por vezes amargas. quando eu aprender a ser, certamente conhecerei o silêncio que me cabe, o silêncio que os corações precisam para manter a vida. quando eu aprender a ser, serei, seremos, serenos muito antes do que se imagina quando eu aprender a ser"
(Ribeiro Pedreira)
http://moinhosilente.blogspot.com
nossa casa. profundidade
(Ribeiro Pedreira)
http://moinhosilente.blogspot.com
nossa casa. profundidade
21.10.11
Heitor villa lobos
Acorda, vem ver a lua
Que dorme na noite escura
Que surge tão bela e branca
Derramando doçura
Clara chama silente
Ardendo meu sonhar
As asas da noite que surgem
E correm no espaço profundo
Oh, doce amada, desperta
Vem dar teu calor ao luar
Quisera saber-te minha
Na hora serena e calma
A sombra confia ao vento
O limite da espera
Quando dentro da noite
Reclama o teu amor
Acorda, vem olhar a lua
Que brilha na noite escura
Querida, és linda e meiga
Sentir meu amor e sonhar
A tua presença
12:53. quando ouvi as primeiras notas
senti que (o beija-flor-amigo)
havia voltado
foi breve o nosso encontro
o ar gelado de uma primavera escondida
assusta e não deixa ficar
bicou a flor do pé de romã
ainda estranha a ausência das folhas
no nosso jardim
19.10.11
Céu aberto
Te espero
todas as manhãs
vesti
o céu
pra te encontrar
Aquela noite
imaginei
os meus dias
sem a tua presença
volta
confia
no meu
cheiro de flor,
água nas mãos,
sorriso derramado
19.9.11
Não deixará saudades
Álcool maldito
desengano da espécie
A cada gole
não me tens
Alegria ausente
não me tens
Alegria ausente
embalsama o que não levarás
a poesia,
o riso,
a fala,
Arde na incensatez
vício estúpido
terás em vida
o último gole
13.9.11
6.7.11
13.6.11
Ancestral
quando tua cozinha perfuma as minhas lembranças
abro a boca
fechando os olhos
teu olhar miúdo
mãos grandes
passo
arrastado
carregando
histórias
lembrando que as minhas só estavam por começar
3.6.11
21.5.11
13.5.11
11.4.11
Uso a palavra para compor meus silêncios.
Não gosto das palavras
fatigadas de informar.
Dou mais respeito
às que vivem de barriga no chão
tipo água pedra sapo.
Entendo bem o sotaque das águas.
dou respeito às coisas desimportantes
e aos seres desimportantes.
Prezo insetos mais que aviões.
Prezo a velocidade
das tartarugas mais que as dos mísseis.
Tenho em mim esse atraso de nascença.
Eu fui aparelhado
para gostar de passarinhos.
Tenho abundância de ser feliz por isso.
Meu quintal é maior do que o mundo.
Sou um apanhador de desperdícios:
Amo os restos
como as boas moscas.
Queria que a minha voz tivesse um formato de canto.
Porque eu não sou da informática:
eu sou da invencionática.
Só uso a palavra para compor os meus silêncios.
3.4.11
Zera a Reza
Vela leva a seta tesa
Rema na maré
Rima mira a terça certa
E zera a reza
Rema na maré
Rima mira a terça certa
E zera a reza
Zera a reza, meu amor
Canta o pagode do nosso viver
Que a gente pode entre dor e prazer
Pagar pra ver o que pode
E o que não pode ser
A pureza desse amor
Espalha espelhos pelo carnaval
E cada cara e corpo é desigual
Sabe o que é bom e o que é mau
Chão é céu
E é seu e meu
E eu sou quem não morre nunca
Canta o pagode do nosso viver
Que a gente pode entre dor e prazer
Pagar pra ver o que pode
E o que não pode ser
A pureza desse amor
Espalha espelhos pelo carnaval
E cada cara e corpo é desigual
Sabe o que é bom e o que é mau
Chão é céu
E é seu e meu
E eu sou quem não morre nunca
Vela leva a seta tesa
Rema na maré
Rima mira a terça certa
E zera a reza
Rema na maré
Rima mira a terça certa
E zera a reza
2.4.11
1.4.11
27.3.11
Aquele chorinho
Ao acordar chorei
e chorei
ao entardecer
chorei chorinho
chorado
sentido
devagarinho
chorei
chorei as dúvidas
chorei saudade
chorei saudade
lavei o canto
no
abraço
daquele
brasileirinho
no
abraço
daquele
brasileirinho
CUIDA DE MIM
Pra falar verdade, às vezes minto
Tentando ser metade do inteiro que eu sinto
Pra dizer as vezes que às vezes não digo
Sou capaz de fazer da minha briga meu abrigo
Tanto faz não satisfaz o que preciso
Além do mais, quem busca nunca é indeciso
Eu busquei quem sou;
Você, pra mim, mostrou
Que eu não sou sozinho nesse mundo.
Cuida de mim enquanto não esqueço de você
Cuida de mim enquanto finjo que sou quem eu queria ser.
Cuida de mim enquanto não me esqueço de você
Cuida de mim enquanto finjo, enquanto finjo, enquanto fujo.
Basta as penas que eu mesmo sinto de mim
Junto todas, crio asas, viro querubim
Sou da cor, do tom, sabor e som que quiser ouvir
Sou calor, clarão e escuridão que te faz dormir
Quero mais, quero a paz que me prometeu
Tentando ser metade do inteiro que eu sinto
Pra dizer as vezes que às vezes não digo
Sou capaz de fazer da minha briga meu abrigo
Tanto faz não satisfaz o que preciso
Além do mais, quem busca nunca é indeciso
Eu busquei quem sou;
Você, pra mim, mostrou
Que eu não sou sozinho nesse mundo.
Cuida de mim enquanto não esqueço de você
Cuida de mim enquanto finjo que sou quem eu queria ser.
Cuida de mim enquanto não me esqueço de você
Cuida de mim enquanto finjo, enquanto finjo, enquanto fujo.
Basta as penas que eu mesmo sinto de mim
Junto todas, crio asas, viro querubim
Sou da cor, do tom, sabor e som que quiser ouvir
Sou calor, clarão e escuridão que te faz dormir
Quero mais, quero a paz que me prometeu
24.3.11
Arthur Bispo do Rosário
"A vida, beija-flor, é o teu estandarte.
Ali, teceste-nos.
Recriaste, porque eras escravo
De quem te recriou
— a Voz que te fez pássaro
Que desfiava um mundo para coser outro
Deu-te asas melhores que as de um anjo,
Pois, onde neles há um sopro,
Em ti, havia só humanidade"
Ali, teceste-nos.
Recriaste, porque eras escravo
De quem te recriou
— a Voz que te fez pássaro
Que desfiava um mundo para coser outro
Deu-te asas melhores que as de um anjo,
Pois, onde neles há um sopro,
Em ti, havia só humanidade"
(FERNANDO de Souza)
22.3.11
Não resisto ao OUTONO
No inverno te proteger
no verão sair pra pescar
no outono te conhecer
primavera poder gostar
no estio me derreter
pra na chuva dançar e andar junto!
no verão sair pra pescar
no outono te conhecer
primavera poder gostar
no estio me derreter
pra na chuva dançar e andar junto!
10.3.11
2.3.11
1.3.11
25.2.11
5.2.11
LEITE DERRAMADO
O vácuo
das horas interrompidas
cordão da desesperança
prisão temporária
trompas mutiladas
cicatrizadas
infectadas
abortam vidas
endométrio
VAZIO
leite
derramado
27.1.11
25.1.11
R E T A L H O S
deito-me em vão pedaços
flores
cores
vazios
R E T A L H O S meus
dói
me alinhavar
Por vezes
costuro
minha
face
única
não . nunca
cresci
inteira
16.1.11
6.1.11
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