Não sei se respondo ou se pergunto.
Sou uma voz que nasceu na penumbra do vazio.
Estou um pouco ébria e estou crescendo numa pedra.
Não tenho a sabedoria do mel ou a do vinho.
De súbito, ergo-me como uma torre de sombra fulgurante.
A minha tristeza é a da sede e a da chama.
Com esta pequena centelha quero incendiar o silêncio.
O que eu amo não sei. Amo. Amo em total abandono.
Sinto a minha boca dentro das árvores e de uma oculta nascente.
Indecisa e ardente, algo ainda não é flor em mim.
Não estou perdida, estou entre o vento e o olvido.
Quero conhecer a minha nudez e ser o azul da presença.
Não sou a destruição cega nem a esperança impossível.
Sou alguém que espera ser aberto por uma palavra.
Sou uma voz que nasceu na penumbra do vazio.
Estou um pouco ébria e estou crescendo numa pedra.
Não tenho a sabedoria do mel ou a do vinho.
De súbito, ergo-me como uma torre de sombra fulgurante.
A minha tristeza é a da sede e a da chama.
Com esta pequena centelha quero incendiar o silêncio.
O que eu amo não sei. Amo. Amo em total abandono.
Sinto a minha boca dentro das árvores e de uma oculta nascente.
Indecisa e ardente, algo ainda não é flor em mim.
Não estou perdida, estou entre o vento e o olvido.
Quero conhecer a minha nudez e ser o azul da presença.
Não sou a destruição cega nem a esperança impossível.
Sou alguém que espera ser aberto por uma palavra.
António Ramos Rosa
9 comentários:
Gosto da letra que arrepia. Da sensação de ser invadida, violada pelas palavras. Isso foi lindo, lindo, lindo.
Obrigada por compartilhar, Lu.
Beijomeu
uma palavra abre-te ao meio e disseca teu coração: AMOR. Amor que se deixa abandonar numa entrega perfeita. Amor é o teu mar. Sentimentos e sensações outras são rios.
BJOS MEUS!!!
"Amo em total abandono.
Sinto a minha boca dentro das árvores e de uma oculta nascente."
quem ama assim, vai se permitindo apesar da dor ao encontro de suas emoções frescas e amar benevolente a si antes de se aventura-se em coração terra estranha.
Ps: valeu pelos sentimentos aos desabrigados da minha cidade
Certas palavras são incomestíveis, são conchas autofágicas devorando a própria pérola. Mas que vc consiga ser sempre de nudez azul, assim transparente.
Abraços!
Ser apenas uma fresta e só ver-se aberta pela palavra,
palavras que escancaram os sentidos e o sentir...em mim.
Lindo, só os que amam as palavras sabem, só os que amam as palavra incondicionalmente...sentem.
Que as palavras cubram os sentimentos mais verdadeiros dentro da gente...
Bjos Rê e obrigada pela partilha do poema.
Erika
Belo poema do Ramos Rosa. Gosto muito deste poeta.
Bjs
Gostei muito de chegar aqui Luciana!
Encontrar um rosto e um poema de meu tio. Um beijo grande para você!
Renata,
Esse imenso poema aqui e lá no Primeira Pessoa, do Roberto Lima. E Deus está nas coincidências, dissera o anjo Nelson Rodrigues...
Fã de voCês três,
Pedro Ramúcio.
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