Ao longo das janelas mortas
Meu passo bate as calçadas.
Que estranho bate!… Será
Que a minha perna é de pau?
Ah, que esta vida é automática!
Estou exausto da gravitação dos astros!
Vou dar um tiro neste poema horrivel!
Vou apitar chamando os guardas, os anjos,
Meu passo bate as calçadas.
Que estranho bate!… Será
Que a minha perna é de pau?
Ah, que esta vida é automática!
Estou exausto da gravitação dos astros!
Vou dar um tiro neste poema horrivel!
Vou apitar chamando os guardas, os anjos,
Nosso Senhor, as prostitutas, os mortos!
Venham ver a minha degradação,
A minha sede insaciável de não sei o quê,
As minhas rugas.
Tombai, estrelas de conta,
Lua falsa de papelão,
Manto bordado do céu!
Tombai, cobri com a santa inutilidade vossa
Esta carcaça miserável de sonho…
Venham ver a minha degradação,
A minha sede insaciável de não sei o quê,
As minhas rugas.
Tombai, estrelas de conta,
Lua falsa de papelão,
Manto bordado do céu!
Tombai, cobri com a santa inutilidade vossa
Esta carcaça miserável de sonho…
5 comentários:
Há uma desventurança triste no teu poema mas é tal qual a que sentimos de vez em quando, e não há como escapar disso. A natureza do ser é bipolar e os estados de espírito se alternam. Afinal, como comemoraríamos a luz se não conhecêssemos a escuridão?
Adorei o poema.
Beijokas.
Quintana ótimo como sempre.
Acho que minhas janelas também estão mortas, ou fechadas na calada dessa noite, quando ando cansado de estrelas e do ceu sem nuvens. As minhas rugas e os meus cabelos brancos nao me consolam.
ainda restam os sonhos da matéria tombada. os astros são longes, mas os olhos ainda os perseguem na sua inutilidade.
bjs meus!
Muito bom o poema, Renata. Todo ele. Podia destacar os dois versos finais, mas prefiro citar os que me pegaram de jeito:
"Vou dar um tiro neste poema horrivel!
Vou apitar chamando os guardas, os anjos,
Nosso Senhor, as prostitutas, os mortos!"
É um belo presente de fim ano conhecer o seu blog! Sinal de posperidade para 2011...
...Que seja ele bom para todos nós desse mundo maluco!
Beijos
Esse ritmo. Esse tom que nos identifica, que faz de Quintana fio - tênue, sempre em riste.
Lindo re-conhecimento.
Smaaaaaaack, flor de amor!
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