11.4.11
Uso a palavra para compor meus silêncios.
Não gosto das palavras
fatigadas de informar.
Dou mais respeito
às que vivem de barriga no chão
tipo água pedra sapo.
Entendo bem o sotaque das águas.
dou respeito às coisas desimportantes
e aos seres desimportantes.
Prezo insetos mais que aviões.
Prezo a velocidade
das tartarugas mais que as dos mísseis.
Tenho em mim esse atraso de nascença.
Eu fui aparelhado
para gostar de passarinhos.
Tenho abundância de ser feliz por isso.
Meu quintal é maior do que o mundo.
Sou um apanhador de desperdícios:
Amo os restos
como as boas moscas.
Queria que a minha voz tivesse um formato de canto.
Porque eu não sou da informática:
eu sou da invencionática.
Só uso a palavra para compor os meus silêncios.
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8 comentários:
[o grande prezar de ser humano para além da palavra, resgatando dentro e no horizonte, do silêncio o vocábulo]
um imenso abraço, Renata
Leonardo B.
mestre
ponto final
Manoel ensina como é difícil ser fácil.
isso é lindo demais, né? dá até uma dorzinha num cantinho que a gente só descobre depois que termina de ler
:)
o poeta que se encanta com os seres e não com as coisas
O poema é muito belo. O Poeta encanta-me.
Um beijo
é da simplicidade das coisas que a vida é feita.
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