18.11.11

Areia e Água



I

Era uma vez dois e três.
Era uma vez um corpo
E dois pólos: alto muro
E poço. Três estacas
de um todo que se fez
num vértice, diáfano,
noutro espessura de rês
couro, solo cimentado
nem água, nem ancoradouro.

II 

E certa longitude
Onde o sol se refaz.
E certa latitude, seta-ilha
Onde o meu peito pulsa
Seta e sangue
num percurso pasmado de agonia.

III

Aqui me vês dois pólos
tão distantes e no entanto
Três: eu e meus dois horizontes

3 comentários:

Marcantonio disse...

Quando o mineral expressa o orgânico. Talvez tudo esteja em tudo mesmo.

Abraço.

Regina Magnabosco disse...

Estou me lembrando de Fernando Pessoa, Álvaro de Campos, nosso grande escritor também de muitos horizontes:
"Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo." (trecho de 'Tabacaria')

Fred Caju disse...

Mineral como a palavra.