13.12.09

Corridinho

 
O amor quer abraçar e não pode.
A multidão em volta,

com seus olhos cediços,

põe caco de vidro no muro

para o amor desistir.

O amor usa o correio,

o correio trapaceia,

a carta não chega,

o amor fica sem saber se é ou não é.

O amor pega o cavalo,

desembarca do trem,

chega na porta cansado

de tanto caminhar a pé.

Fala a palavra açucena,

pede água, bebe café,

dorme na sua presença,

chupa bala de hortelã.

Tudo manha, truque, engenho:

é descuidar, o amor te pega,

te come, te molha todo.

Mas água o amor não é.



Homenagem a Adélia Prado pelo seu aniversário  dia 13 de dezembro.

2 comentários:

claudio rodrigues disse...

Sim, dia da Santa dos olhos, Luzia, Adélia é linda, litúrgica, poesia que encarna o verbo divino no coração humano. O amor não pode tanta coisa. O amor esquece de ser amado. Bj

Mara faturi disse...

Ahhhh, o amor...tema, amante, servo e louco da poesia;)
bjo
*Adélia e eu agradecemos pela oportunidade deste poema;)